O Ministério Público Federal identificou pagamentos que somam R$ 1,76 milhão o Instituto Lula e a LILS Palestras para empresas de 4 filhos de Lula. Os valores foram citados pelo juiz Sergio Moro ao autorizar a expedição dos mandados de condução coercitiva da 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (4).
Os valores foram repassados entre 2011 e 2014, conforme relatório do Ministério Público Federal. Foram os seguintes: – R$ 1.349.446,54 do instituto para a empresa G4 Entretenimento e Tecnologia Digital Ltda., cujo sócio administrador é Fábio Luis Lula da Silva, filho do expresidente, e Fernando Bittar e Kalil Bittar. – R$ 114.000 do instituto para a empresa Flexbr Tecnologia Ltda., com mesmo endereço da G4, mas por sócios outros filhos do ex-presidente, como Marcos Claudio Lula da Silva, Sandro Luis Lula da Silva e a nora Marlene Araújo Lula da Silva. – R$ 72.621,20 da LILS à Flexbr – R$ 227.138,85 da LILS ao filho de Lula Luis Claudio Lula da Silva.
Segundo o MPF, o recebimento dos valores é suspeito, justificando a busca e apreensão nas empresas, pedido aceito pelo juiz Sergio Moro, segundo o qual “a causa desses pagamentos deve ser esclarecida”. O MPF e a Polícia Federal encontraram indícios de que o ex-presidente Lula recebeu vantagens indevidas, como um apartamento e reformas em imóveis, além de doaçães e pagamentos por palestras via Instituto Lula e a empresa LILS Palestras. Lula também foi alvo de um dos mandados de condução coercitiva. O depoimento dele foi realizado no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e durou quase quatro horas. Entenda as suspeitas contra Lula A quebra de sigilo do instituto e da LILS revelou, segundo o MPF, que o instituto recebeu doaçães de R$ 34.940.522,15 entre 2011 e 2014, sendo que R$ 20.740.000 foram provenientes das empresas Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.
Todas elas estão envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras investigado pela Lava Jato. Já a LILS Palestras, Eventos e Publicaçães Ltda. recebeu pagamentos de R$ 21.080.216,67 entre 2011 e 2014. Desse total, R$ 9.920.898,56 foram provenientes das mesmas empreiteiras citadas acima. “Não se pode concluir pela ilicitude dessas transferências, mas é forçoso reconhecer que tratam-áse de valores vultosos para doaçães e palestras, o que, no contexto do esquema criminoso da Petrobras, gera dúvidas sobre a generosidade das aludidas empresas e autoriza pelo menos o aprofundamento das investigaçães”, disse o juiz. Em nota, o Instituto Lula repudiou a operação. “A violência praticada hoje (4/3) contra o ex-presidente Lula e sua família, contra o Instituto Lula, a ex-deputada Clara Ant e outros cidadãos ligados ao ex-presidente, é uma agressão ao estado de direito que atinge toda sociedade brasileira. A ação da chamada Força Tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal”, diz o texto divulgado pelo instituto que representa o ex-presidente.
Os investigadores da Lava Jato querem saber se os recursos vieram de desvios da Petrobras e se foram usados de forma lícita. Parte do dinheiro foi transferido do Instituto Lula para empresas de filhos do ex-presidente, e o MPF apura se serviços foram de fato prestados. A Operação Aletheia cumpriu 44 mandados judiciais em cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Nesta manhã, policiais contiveram várias brigas entre manifestantes nas proximidades da residência de Lula e em outros locais.