Ativistas egípcios se concentraram nesta sexta-feira (30) no centro do Cairo para uma manifestação destinada a pressionar a junta militar do país a acelerar a transferência do poder para os civis e revogar as leis de emergência que eram usadas contra a oposição na época do presidente Hosni Mubarak.
Os organizadores da manifestação, batizada de “Retomando a Revolução”, disseram esperar milhares de participantes, em meio a um crescente descontentamento com os rumos da transição.
A junta anunciou eleiçães parlamentares em várias etapas a partir de 28 de novembro, com um sistema de voto distrital misto. A maioria dos grupos políticos teme que isso permita a volta de partidários de Mubarak a cargos públicos.
“Esta semana é diferente, porque sentimos que a nossa revolução foi roubada de nós”, disse Yasser Fouad, um desempregado de 38 anos, com a voz abafada pelos alto-falantes que pediam aos manifestantes que se mantivessem pacíficos à agência Reuters.
“Nenhuma das nossas exigências foi atendida. Queremos que eles entreguem o poder imediatamente, por meio de eleiçães”, acrescentou Fouad.
Mahmoud Sayyid Saif, 58 anos, funcionário do Ministério da Saúde, disse que os egípcios não irão mais tolerar a inação. “Já faz sete meses (que Mubarak foi derrubado), e nada foi obtido”, afirmou.
Nesta quinta-feira (29), seis pré-candidatos a presidente divulgaram uma declaração conjunta pressionando a junta militar a marcar para março a transferência de poder. Eles também declararam que, juridicamente, as leis de emergências expirariam na sexta-feira. A junta militar diz que ela irá vigorar até o ano que vem.