Geralmente, um modelo de carro possui ao menos três versães, uma de entrada, para divulgar um valor mais acessível, outra topo de linha, que mostra todas as possibilidades desse carro, e uma intermediária, a que realmente apresenta quem é esse veículo. É assim no Corolla, espécie de “rei dos sedãs” e que tem uma imensa legião de seguidores no Brasil.
Como se sabe, o modelo mudou de geração em março e, pela primeira vez, causou surpresa pelo visual esportivo e por algumas mudanças de conceitos que a Toyota evitava a todo custo. iG avaliou no lançamento a versão Altis que, como dá a entender, é a mais cara e equipada. Bom carro, mas que hoje enfrenta a concorrência de sedãs premium como o A3 Sedan. Mas faltou conhecer melhor o XEi, versão de maior volume do Corolla, que mostramos neste teste.
Em outros tempos, defini o Corolla como o carro para quem não gosta de dirigir. A razão era a quase completa ausência de prazer em guiá-lo. O sedã japonês se propunha a passar despercebido pelo seu dono, ou seja, sem emoção, seja ao volante ou mesmo ao apreciar suas linhas.
Agora não. Como ficou provado desde o lançamento, o Corolla chama a atenção nas ruas. Está mais marrento, chamativo, maior. Mesmo o XEi passa essa boa impressão, embora perca alguns detalhes legais como as luzes diurnas de LEDs e alguns cromados exclusivos do Altis. Ainda assim, o sedã se impãe, ao contrário da geração anterior, mais tímida e, de fato, menor.
Tecla Sport de verdade
Não é só por fora que a sonolência desapareceu. Por dentro, o Corolla surpreende por não ficar mais em cima do muro. Mas aqui, no entanto, o resultado é um tanto perdido. A impressão é que a Toyota ficou na dúvida sobre que acabamento utilizar. Há de tudo um pouco: plásticos imitando aço escovado, fibra de carbono, “Black Piano”, cromados, couro e partes em cinza, como antigamente.
O resultado não é dos mais empolgantes, principalmente porque não conversa com o belo exterior. Mas há de se reconhecer que dá para se adaptar com o tempo. E é melhor que o painel do Corolla anterior.
Deixemos esse assunto de lado para falar do que importa, o Corolla com o “motor ligado”. É o mesmo 2.0 litros de 154 cv usado antes, mas agora ganhou a companhia de uma nova transmissão CVT com sete marchas virtuais que funcionam muito bem a ponto de dar um ímpeto inesperado ao carro. E até tecla Sport existe no sedã, com a função de esticar essas marchas por mais tempo.
O resultado é uma direção mais esperta e ágil, completada pela suspensão bem ajustada entre conforto e um bom apoio nas curvas. Mas há de se reconhecer que o Corolla ainda está um passo atrás do Civic nesse aspecto. O Honda tem uma tocada mais firme e decidida, mas o abismo entre os dois já não existe mais. É questão de paladar.
Vida a bordo
Outra boa notícia do Corolla é o espaço extra no banco de trás graças ao aumento da distância entreeixos. Não que antes fosse desconfortável, mas agora os passageiros desfrutam de uma viagem bem mais agradável.
É na lista de itens de série que o Corolla XEi desencanta um pouco. Se merece palmas pelas borboletas atrás do volante e pela prática central multimídia integrada, o sedã esqueceu alguns equipamentos comuns em seus rivais. O maior exemplo é o controle de estabilidade, que existe no Civic e no C4 Lounge. Mas há outras ausências, entre elas a partida elétrica e abertura de portas por proximidade (exclusivas do Altis). O ar digital poderia ter duas zonas como no Sentra e até um teto solar viria bem (outra vantagem do Nissan).
A Toyota contra-ataca com um pacote de airbags mais amplo e com o consumo moderado do motor, que chega a fazer 12,6 km na estrada com gasolina.
O problema é que o Corolla XEi custa mais que um Civic equivalente (R$ 6.580) e que o Sentra SL, o mais equipado da linha (R$ 5.990). Até mesmo o C4 Lounge Exclusive com motor 1.6 turbo de injeção direta e dono do pacote mais generoso do segmento, sai pelo mesmo preço do Corolla XEi, ou seja, R$ 81.500.
A despeito da sua ótima fama e da imagem de carro bem construído, o Corolla anda flertando mesmo com os sedãs premium, mas não necessariamente pelo conteúdo e sim pelo preço. E nesse caso, a briga com os alemães pode virar uma senhora dor de cabeça para a Toyota.
Fonte: IG