A crise económica afastou do mercado imobiliáário não só os interessados em comprar imóveis, mas também quem pretendia alugá-los. Coámo resultado da redução na demanda, o preço do aluguel de casas e apartamentos tem subido abaixo da inflação, em uma trajetória que começou no ano passado e não tem prazo para acabar.
É o que mostra o Índice FipeZap de Locação, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Económicas em parceria com o portal Zap Imóáveis, que acompanha o preço de aluguéis residenciais novos em 11 cidades brasileiras.
Em São Bernardo, único município do ABC incluído no levantamento, o metro quaádrado em fevereiro custava, em média, R$ 18,94, com variação de 1,52% no primeiro bimestre deste ano. A alta fiácou abaixo da inflação acumulada no período, de 2,18%, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No ano passado, o indicaádor já havia apontado descompasso entre o avanço dos preços de locação e o IPCA. Enquanto o aluguel de imóveis subiu 3,34% em São Bernardo, a inflação oficial atingiu 10,67%. Na prática houve queda real de 6,62%.
No Estado de São Paulo, o cenário é o mesmo, segundo outra pesquisa, desta vez do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP). O levantamento mostra que a locação residencial de imóveis ficou 3,3% mais cara no ano passado em termos nominais …− abaixo, portanto, do IPCA.
De um lado, o consumiádor está mais receoso e, diante do risco do desemprego, quer economizar. Do outro, o locador está mais flexível e, entre manter o imóvel vazio e diminuir a peádida para quem vai alugar ou reajustar o contrato vigente, prefere a segunda opção.
“Em um ambiente com economia desaquecida, desemprego em alta, renda em queda e pouca perspectiva de recuperação, é natural que a demanda por imóveis tanto para compra quanto paára locação caia, com reflexos nos preços”, comentou Bruno Oliva, economista da Fipe.
No curto e médio prazos, a tendência é de continuidade da desaceleração nos preços de locação. “É difícil imaginar que os aluguéis vão se recuperar em termos reais, ou seja, acima da inflação, nos próximos meses. Não há nada no horizonte que permita vislumbrar uma reversão de tendência”, afirmou Oliva.
O Índice FipeZap mostra que São Bernardo tem o oitavo aluguel mais caro entre as 11 cidades pesquisadas (veja gráfico acima). Porém, fatia considerável da demanda no ABC está abaixo do patamar de R$ 18,94 por metro quadrado.
Segundo os dados mais recentes do Creci-SP, de dezembro do ano passado, 53,9% dos imóveis locados na região que compreende ABC, Guarulhos e Osasco, situa-se na faixa até R$ 15 por metro quadrado.